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04/09/2019 18:02:40

Constrangimento e Escambo são os temas das crônicas divulgadas nesta semana
Concurso da Aojustra segue até o final de novembro: participe você também!

“Constrangimento” e “Escambo” são os temas das crônicas divulgadas nesta semana no Concurso promovido pela Aojustra. A Associação recebe, até o final do mês de novembro, os textos remetidos por Oficiais de Justiça de todo o Brasil, com o objetivo de registrar a atividade através de histórias reais que podem ser engraçadas, sensíveis, inusitadas ou até sobre os riscos enfrentados no cumprimento das ordens judiciais. 

Os cinco primeiros colocados serão contemplados com uma viagem para Colônia de Férias em Caraguatatuba conveniada com a Aojustra, além de outros prêmios que serão entregues aos participantes durante a confraternização de final de ano da Associação.

Para participar, o Oficial deve enviar a crônica para os e-mails aojustra@outlook.com e ane.galardi@gmail.com. É importante que o texto esteja devidamente identificado com o nome completo do autor, bem como a lotação e um número de telefone para contato. 

“Convidamos mais Oficiais a se inspirarem e nos enviarem crônicas para que consigamos implementar a ideia da elaboração de um livro sobre o dia a dia do oficialato”, afirma o presidente Thiago Duarte Gonçalves.

O texto intitulado “Constrangimento” é de autoria da Oficiala de Justiça Bruna Vivian Eustachio de Toledo Piza, da 27ª VT/SP.  Já a crônica “Escambo” foi enviada pelo Oficial Alvaro Papa, da Central de Mandados de São Paulo. 

Confira as crônicas:

Constrangimento
Por Bruna Vivian Eustachio de Toledo Piza (27ª VT/SP)

Após várias tentativas de encontrar o executado, decidi fazer a Intimação por Hora Certa. Tratando-se de Penhora de Imóvel e nomeação de Depositário, o Auto a ciência deveria ser dada pessoalmente. Eu já havia estado naquela casa de alto padrão num bairro nobre de São Paulo no período diurno e noturno, já havia sido atendida pelo motorista, o jardineiro, a cozinheira, a faxineira, deixei recados, mas não recebi qualquer retorno.

Então entreguei um aviso por escrito ao motorista, informando que retornaria ao local no dia seguinte às 9h, horário esse que me disseram que o executado costumava sair para trabalhar.

No dia e horário agendados eu retornei ao local e fui recebida pelo motorista, que informou que o executado estava ocupado e não poderia me atender. Expliquei que em se tratando de Hora Certa e que a ciência seria dada de qualquer maneira. Aguardei mais uns instantes e o motorista muito gentilmente solicitou que eu esperasse numa sala no interior do imóvel, posto que o destinatário estava muito ocupado, mas que já iria me atender.

Era uma belíssima sala, com pé direito alto, móveis de muito bom gosto, muito limpa, luxuosa e iluminada.  Após alguns minutos um senhor de meia idade chegou, me cumprimentou e pediu desculpas por estar naqueles trajes, pois estava tomando banho. A criatura trajava apenas uma toalha amarrada na cintura, que não era de rosto, mas também não era das maiores. Eu disse que poderia aguardar enquanto ele se arrumava, mas ele insistiu que não queria tomar muito do meu tempo. Falei novamente que não estava com pressa e que ele podia se ajeitar com calma, mas ele teimou que preferia me atender logo.

Ele cerrou as altas janelas com uma cortina escura e fechou a enorme porta de correr que havia na sala, o que fez com que o ambiente ficasse totalmente sombrio. Então sentou-se ao meu lado e eu tentei ser o mais breve possível ao explicar do que se tratava. Ele resolveu contar a história da empresa e a querer me convencer de que a penhora não poderia ser feita. Mas o mais tormentoso era que, conforme ele se mexia a fenda da pequena toalha se abria mostrando o vão das pernas e ele ficava ajeitando o tecido felpudo.

Eu só pensava que havia agendado o horário e que ele sabia que eu chegaria naquele momento, não tinha sido pego de surpresa, mas devido à minha insistência resolveu apresentar-se daquela maneira.

Percebi nitidamente que aquilo tudo tinha como finalidade me constranger, encerrei o mais depressa possível a conversa, pedi os dados necessários para o Auto de Depósito e indiquei o local em que ele deveria assinar. Mas infelizmente a fenda da toalha não parava de abrir.

Saí dali como quem renasce da escuridão. Voltei a ver a luz do sol e respirei aliviada.

O motorista me acompanhou até a saída da casa e disse-me que a minha presença ali significava que a Justiça realmente funciona. E fez um desabafo: o patrão não estava pagando corretamente seu salário e em breve também teria que acioná-lo na Justiça do Trabalho. Eu desejei-lhe boa sorte, mas internamente gelei só de pensar que poderia ter que cumprir novamente diligências naquele endereço...


Escambo
Por Alvaro Papa (Cental de Mandados/SP)

Eram outros tempos. Smartphones não existiam. Como localizar endereços nos confins da Zona Leste, ainda mais trabalhando a pé ? Simples: guia numa mão, mala na outra. 

A diligência seria breve. Afinal, era somente uma citação. Adentrei numa empresa e o gerente, muito solícito, recebeu-me em sua sala. Coloquei o meu guia em sua mesa. Estava dentro de um saco plástico branco. Procedi à citação e rapidamente me despedi, pois tinha pressa. Obviamente não podia esquecer meu precioso guia. Peguei minha mala, o saco plástico branco e enfim, rua.

Mas algo errado ocorreu... 

Já tendo caminhado vários quarteirões, notei que meu guia estava muito quente, o que me causou estranheza. Afinal, o dia não estava tão ensolarado assim. Intrigado, resolvi inspecionar e tive um choque: peguei o saco plástico errado e levei a quentinha com o almoço do referido gerente...... 

Tinha que agir rápido. Ladrão de quentinhas realmente é fim de linha.......

Só Deus sabe como corri.

Deu certo. Reverti a troca. O gerente, muito compreensivo, ainda não havia iniciado sua refeição. Mas a quentinha ficou bem detonada. Entortou e vazou. Acho que foi para o lixo.

CLIQUE AQUI para ler todas as crônicas recebidas pela Aojustra ao longo do Concurso

Da assessoria de imprensa, Caroline P. Colombo