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19/06/2019 17:02:39

Concurso: Confira outras duas crônicas concorrentes
Aojustra divulga semanalmente as histórias enviadas pelos Oficiais sobre o dia a dia no cumprimento dos mandados.

A Aojustra divulga abaixo mais dois textos concorrentes do Concurso de Crônicas sobre o trabalho na execução dos mandados. O intuito é registrar o trabalho do Oficial de Justiça, através de histórias reais que podem ser engraçadas, sensíveis, inusitadas ou até sobre os riscos enfrentados no cumprimento das ordens judiciais. “Com isso, além de trocarmos experiências, podemos alertar os Oficiais de Justiça mais novos quanto a algumas situações e, também, informar aos leigos sobre o nosso papel na sociedade”, afirma a Oficiala de Justiça Ane Galardi.

Para participar, o Oficial deve enviar a crônica para os e-mails aojustra@outlook.com e ane.galardi@gmail.com. É importante que o texto esteja devidamente identificado com o nome completo do autor, bem como a lotação e um número de telefone para contato. “Vamos analisar a quantidade de crônicas recebidas para, quem sabe, conseguirmos implementar a ideia da elaboração de um livro sobre o trabalho do oficialato”, afirma o presidente Thiago Duarte Gonçalves.

O prazo para participação no concurso da Aojustra termina em 10 de agosto. 

Na divulgação desta semana, a Aojustra apresenta os textos enviados pela Oficiala da CIAO de Santos, Miriam Barbosa Dias, e pelo colega Maurício Passos Bahia, lotado na 1ª VT de Diadema.

Confira outras duas crônicas que concorrem à premiação pela Aojustra:


Levante-se por favor!
Por Miriam Barbosa Dias (CIAO Santos)


Essa minha diligência virou uma lenda...rs

Era o ano de  2001, eu tinha um mandado de penhora livre em bens dentro de uma residência.Várias e frustradas tentativas de atendimento no local e nada! 

Uma bela tarde, esta Oficial q vos escreve, resolve ir em outro horário: lá pelas 14 horas...

No sistema de interfonia, a pessoa diz que o executado se encontra..para eu subir! Vivaaaa! Até que enfim..

Entrando no apartamento, bem simples, eu já avaliando  mentalmente os bens ali na sala...( todo Oficial de Justiça sabe como é...rs) e sabendo que a penhora não iria cobrir a execução..aguardo o executado.

Minutos depois, vem a empregada da casa...e me avisa: o senhor Fulano de Tal encontra-se dormindo...ah nãoooo! Dias e dias para essa diligência e o cara estava dormindo?

Na mesma hora eu para a empregada da casa: ah é? Jura?  Pois eu NÃO ...estou aqui trabalhando e pode pedir para ele me atender agora! Nisso a moça TENTA me avisar algo: mas eu na minha impaciência: Vamos  menina chame lá seu patrão que eu não tenho o dia todo não!

AH se eu soubesse: vem um SENHOR de cerca de uns 80 anos...sem AS DUAS pernas...em uma cadeira de rodas...com soro no braço! Eu...queria UM BURACO no meio da sala para me enfiar! Fiquei muito constrangida...maaaas já que já tinha acordado o senhor...expliquei o teor do mandado...dizendo que não faria aquela penhora pelo elevador valor e nâo ter bens ali suficientes...

Terminei meu serviço um pouco chocada pelo que SEM QUERER fui obrigada a fazer!

Na saída, a empregada ainda me fala: eu tentei avisar a senhora da condição dele! Pois é...ela tentou! Eu que não dei ouvidos.

Em tempo: muitooos anos depois soube que este senhor havia falecido...era um ex proprietário de um bar bem conhecido na cidade que faliu perdendo tudo, a saúde inclusive! 

Casou-se com AQUELA empregada que me atendeu E a MESMA empregada que questionou minha atitude colocou ele na rua! Sem dó nem piedade! Eu tive dó de acordar um moribundo para fazer o meu serviço...mas a moça não teve a menor compaixão de jogá-lo na rua! 


O dia em que o Oficial virou a diversão do bar
Por Maurício Passos Bahia (1ª VT Diadema)


Era uma bela tarde de um dia bem produtivo. Faltavam poucos mandados para cumprir e me deparei com uma citação a ser feita em uma rua aparentemente tranquila, mas que nunca tinha entrado. Estacionei, olhei em volta e pensei: crianças na rua, gente descontraída em um bar na frente da casa; parece tranquilo, esse mandado vai ser mamão com açúcar...

Cheguei na casa e toquei a campainha. Clima agradável, carros passando, eu olhando em volta preocupado com minha segurança quando ouvi bem longe um grito feminino: “Já vai”. 

Ufa, pensei, deve ser a reclamada, vai ser fácil e rápido. Mas fico atento ao redor, quem é oficial vai me entender.

De repente olho pra aquele bar na frente da casa e vejo algumas pessoas me olhando. Parece que estavam rindo para mim, ou será rindo de mim? Querem me intimidar, concluí. Fiquei encucado.

Cadê essa mulher que disse que já vinha e não veio? Vou tocar novamente. 

Dessa vez mais atento, toquei de novo a campainha e ouvi a mesma voz respondendo: “Já vai”. Só que dessa vez achei alguma coisa estranha, a voz era muito estridente, incomum, resolvi tocar de novo e de novo: o “Já vai” se repetia, enquanto minha plateia do bar ficava ainda mais empolgada. 

Como dizia Raul, “no auge da minha agonia”, eu todo atrapalhado, cheio de pensamentos conflitantes, finalmente tive um estalo e, sem querer acreditar, concluí: era um papagaio. 

Fdp do car..., pensei eu. Que papagaio mais escroto.

Saí pro carro rindo de mim mesmo procurando um buraco para enfiar a cabeça. Sabe depois da queda o coice? Pois é, agora entendi o motivo das risadas da galera no bar, que me olhava e ria, mas ria de verdade, quase apontando o dedo pra mim. Nada de intimidador, apenas gozação; e eu morrendo de vergonha querendo sair dali o mais rápido possível. 

Retornei por volta das 19:30h e, enfim, encontrei a bendita destinatária. Lhe falei: estive aqui à tarde, ela me interrompeu e complementou “mas não tinha ninguém para te receber né, que pena.” Eu falei: tinha sim, seu papagaio me recebeu muito bem!

Percebi que ficou toda envergonhada, me pediu mil desculpas; tentou, tentou, mas no fim não conseguiu segurar a gargalhada... ficou vermelha de tanto rir e terminamos rindo juntos. 

Já tinha visto gente chorando ao receber um mandado, mas chorar de rir foi a primeira vez. 


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Da assessoria de imprensa, Caroline P. Colombo